No
ultimo dia 17 de julho de 2012 a Folha de São Paulo
deu em sua capa a seguinte notícia: “EUA aprovam remédio que evita infecção por
vírus HIV”. É preciso destrinchar o que está por trás desta notícia,
aparentemente bem dada. O
FDA (“US Food and Drug Administration”), o equivalente a nossa Anvisa, que
aprovou o uso do medicamento para “prevenção” não é um órgão isento da
influência da indústria farmacêutica. Muito pelo contrário. Apesar de regulado
pelo governo americano, aceita indicação de pessoas comprometidas, o que a
priori não as faz piores pesquisadores, mas para muitos seria um obstáculo para
participar de agências deste porte.
O
US Preventive Service Task Force (USPSTF), agência responsável por avaliar
quais exames devem ser realizados nos famosos “check ups” e que recentemente
passou a não recomendar mamografia para mulheres sem risco abaixo de 50 anos ou
PSA para homens de qualquer idade, igualmente sem riscos ou sintomas, é mais
isenta e criteriosa, preferindo incluir epidemiologistas do que especialistas
além de recusar a participação de pesquisadores com vinculo com a indústria
farmacêutica ou da “prevenção”. No caso do Truvada, medicamento
que combina Tenofovir/emtricitabine e é
usado há alguns anos para o tratamento da SIDA ou HIV positivo (incluindo HIV+ em
casais sorodiscordantes) houve grande debate no FDA. Foi
um dos mais longos da história da agência tendo durado mais de 12 horas. A
aprovação se baseou em essencialmente dois estudos, um intitulado “Antiretroviral Prophylaxis for HIV Prevention in
Heterosexual Men and Women” e o segundo
“Preexposure Chemoprophylaxis for HIV Prevention in Men Who Have Sex with Men”,
ambos publicados no New England Journal of Medicine, revista de grande
reputação.
Por
19 a 3 o comitê do FDA recomendou o uso do Truvada para o HIV negativo de
casais sorodiscordantes, ou seja, em risco, e por 12 a 8 votou pela aprovação
de “outros indivíduos em risco de pegar HIV através da atividade sexual” sem
discriminar quem são estas pessoas. (http://www.natap.org/2012/HIV/051112_01.htm). O
Annals of Internal Medicine, no dia 22 de julho publicou dois artigos de
integrantes do FDA (http://annals.org/article.aspx?articleid=1221644). Lauren Wood justifica porque
votou não e em seu formulário de “conflitos de interesse com a indústria
farmacêutica” nada consta (https://www.acponline.org/authors/conflictFormServlet/M12-1788/ICMJE/Wood-86175.pdf). Já Judith Feinberg que votou “sim” tem um antigo
relacionamento com tal indústria (https://www.acponline.org/authors/conflictFormServlet/M12-1742/ICMJE/Feinberg-2862.pdf). Isso
já seria justificativa para ao menos desconfiar da aprovação de um medicamento
que não foi devidamente testado para este fim, já que em ambos os estudos havia
a recomendação de manter o uso do preservativo. Porém,
o Truvada é patenteado pela Gilead que vem a ser a empresa que vendeu os royalities do Tamiflu para a Roche e que
teve como CEO Donald Rumsfeld de 1997 a 2001, período em que esteve fora do
governo americano ocupado por outras “guerras” (http://www.gilead.com/pr_933190157).
Ou
seja, para além da discussão da influencia da indústria farmacêutica nas
condutas e aprovações, está claro que o numero necessário para tratar (NNT) com
Truvada é extremamente alto para evitar uma infecção e o numero de pessoas que
se infectarão caso não usem preservativo mas apenas com, e talvez por causa do,
Truvada é muito mais alto, sendo que nas pesquisas usadas como referência
apenas se infectou quem usou Truvada ou placebo mas não preservativo, ou este
falhou. Isso sem contar nos efeitos colaterais como diarreia, problemas renais
e osteopenia. Trata-se de um desserviço a população. A lição que fica é que
declarar conflito de interesse não isenta o pesquisador de tal interesse.
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